1964 As armas da política e a ilusão armada | Page 338

queimados, conforme comprovado pelos arquivos fotográficos da imprensa do período. Batidas às editoras se sucediam diuturnamente, com recolhimento de livros. Nada estava a salvo da violência, a sorte de cada um entregue ao arbítrio de qualquer meganha com disposição para tiranete de aldeia: o filósofo marxista Caio Prado Jr. e seu filho Caio Graco, proprietários da Editora Brasiliense, foram presos. O livreiro mineiro Aldo Sagaz teve sua livraria invadida por esbirros do regime, que lhe expropriaram, nas palavras da própria vítima, “numerosos objetos de valor, além de volumes que foram retirados das prateleiras, sob a suspeita de serem ‘livros subversivos’”. A editora Gernasa, no Rio, foi invadida, teve suas dependências depredadas e presos seus empregados que se encontravam ali na hora. O jornalista, romancista, poeta, tradutor e deputado Gerardo Mello Mourão foi preso no Rio ao voltar de uma viagem à Europa. Relatou que sob tortura teve de narrar, com uma pistola na nuca, a seu inquisidor, o enredo de seu romance Valete de es F2