1964 As armas da política e a ilusão armada | Page 333

Chorar as mágoas passadas em nada mudará, com licença do acacianismo, o passado. No entanto, nós, homens de esquerda, ainda continuamos devendo, a nós mesmos, uma análise mais objetiva das causas que deixaram abertas as porteiras para o golpe e a ditadura civil-militar que se seguiu. Nesse sentido, sem invadir a seara dos historiadores, todo observador atento da vida brasileira sabe que os primeiros sinais da crise que culminou com a queda do governo Jango surgiram pelo menos uma década antes. Façamos um brevíssimo recenseamento dos fatos desses dez anos anteriores ao golpe. Quando, em 1954, Vargas aumentou o valor do salário mínimo em 100%, a medida desagradou o empresariado nacional e a hierarquia militar. Carlos Lacerda, então o líder máximo da oposição, partiu para uma agressiva campanha contra o presidente. Pressionado pelos adversários a renunciar, Vargas suicidou-se. A crise política, em que o país estava mergulhado havia meses, piorou. Houve um aparente alívio na situação com a posse do vice-presidente Café Filho, que fez cumprir o calendário das eleições presidenciais, conforme previa a Constituição. Tendo se a