1964 As armas da política e a ilusão armada | Page 321
SUBSÍDIOS PARA UMA CRÍTICA
À DITADURA MILITAR
Alcides Ribeiro Soares1
A
agudização dos conflitos sociais, o declínio drástico do
ritmo de crescimento das atividades produtivas e a aceleração inflacionária nos primeiros anos da década de 1960
– em 1963, a taxa de incremento da renda per capita tornou-se
negativa – contribuíram para levar a sociedade brasileira à crescente polarização e luta política e ideológica entre progressistas e
conservadores, quanto às alternativas para a solução dos problemas fundamentais do país.
As forças progressistas, partidárias de reformas estruturais,
eram integradas, quanto à sua composição de classe, de modo geral,
por amplas parcelas das massas trabalhadoras – notadamente, por
expressivos setores da classe operária sindicalizada –, por segmentos das camadas médias e por uma parcela da burguesia.
Essas forças, por meio dos movimentos sindical e estudantil
e de outros movimentos de massa; do Congresso Nacional e dos
partidos políticos, mobilizavam-se e, em geral, exigiam amplas
reformas que, fundamentalmente, constituíam-se do seguinte
conjunto de diretrizes e medidas econômicas, sociais e políticas:
reforma agrária drástica, orientada no sentido de garantir acesso à
terra, nos latifúndios improdutivos, às massas trabalhadoras do
campo; exigiam o fortalecimento do mercado interno, mediante a
manutenção e elevação dos salários reais; e punham ênfase na
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Economista, professor titular aposentado do Departamento de Economia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP.
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