1964 As armas da política e a ilusão armada | Page 301

latifundiários e grileiros em Goiás guardava pontos de semelhança com o que sucedera em Porecatu. O Partido apoiou ativamente a resistência dos posseiros em Formoso-Trombas, mas entendendo que não era o ponto de partida de um movimento que se espraiaria pelo Brasil. Ajudamos a organização da autodefesa daqueles lavradores, a fim de não serem massacrados pelos latifundiários e pela polícia. Compreendendo, porém, que aquilo tinha um limite muito claro. Quando fizeram o acordo, a luta simplesmente acabou. Depois do golpe de 64 Esse “trabalho especial” ganhou um relevo e uma dimensão nova com a implantação do regime militar, em decorrência do golpe de 64, pois o PCB passou a ser perseguido com tenacidade pelos órgãos de repressão. Devíamos, então, criar uma infraestrutura capaz de assegurar o funcionamento da direção do Partido, nas novas condições. É que com a implantação do regime militar mudou radicalmente a realidade do país e assim tornou-se imprescindível uma alteração completa na vida do PCB. Compreendemos, então, que deveríamos preparar nossos militantes para ações de autodefesa das lutas populares. A clandestinidade exigiu novas responsabilidades dos que atuavam no “trabalho especial”. Começamos a nos envolver diretamente com a montagem das reuniões partidárias. A direção central necessitava debater a derrota com os companheiros. Ora, não era fácil trazer companheiros dos estados e todos não podiam entrar nos “aparelhos” de uma só vez. Portanto, tinha-se de montar esses encontros com muito cuidado. Porém, a disciplina nunca foi uma característica marcante entre nós, dirigentes comunistas. Aconteciam abusos e havia os que infringiam as normas de segurança. Em segundo lugar, havia o problema das viagens. Realizávamos reuniões no Rio e em São Paulo, o que nos obrigava a deslocar companheiros de vários estados. E eles eram pessoas conhecidas e estavam sendo procuradas pela polícia. Por isso, conseguimos, bem antes de 68, estabelecer o roteiro de uma ligação por rodovias O Golpe de 1964 e aspectos da política brasileira 299