1964 As armas da política e a ilusão armada | Page 267
O PCUS (comboiado por todos os partidos latino-americanos fiéis a ele) desfechou um libelo final para implodir as teses
cubanas, mais especificamente contra a atuação de Che Guevara
na Bolívia. Num artigo assinado, no Brasil, por Simão Bonjardim
(Renato Guimarães), dirigente do PCB, Moscou expunha a sua
visão e juízo sobre a guerrilha no Brasil e no continente. No final,
um acerto profético: todos na cadeia ou mortos e uma repressão
brutal sobre a população civil. O artigo foi publicado na Voz Operária, nº XXXII, out./1967. Sua leitura é imprescindível.
A tomada do poder violentamente sempre esteve inserida na
plataforma programática dos comunistas, como expediente discursivo, político. E em determinados períodos, tido como a melhor
opção. De 1947 até 1958, o PCB idealizou que havia no Brasil um
estado pré-revolucionário. Nos anos 1950 especificamente, houve
algumas arremetidas – a mais admirável seria o conflito entre
posseiros e fazendeiros em Porecatu, no Paraná. A resolução do V
Congresso (1960) não repelia enfaticamente a via armada no
Brasil, ainda persistindo o golpismo revolucionário de 1935 como
a fórmula ideal para solucionar os impasses institucionais e sociais
do país. Mas, em 1964, o PCB dava prioridade às reformas estruturais, as ditas reformas de base, com uma luta pacífica para a
conquista do socialismo.
Tudo aconteceu em 1968
Houve dois processos de erosão do Estado nacional-militar
(ainda com as suas estruturas em consolidação) naquele ano: a
Frente Ampla e a retomada da luta política das organizações estudantis. Ambos o reptaram frontalmente, instalaram uma convulsão política e social que o fez balançar, perigosamente, como uma
folha ao vento. Foi forçosa a remontagem do projeto ditatorial,
com os generais engalfinhados como soldadinhos enlouquecidos
(ou melhor, fascistas arrogantes) em torno de qual seria o modelo
rativos do congresso, local, acidente com a granada, entrevista com Salomão Malina
(15/04/1992).
Derrota anunciada: Luta armada e o PCB (1967-1973)
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