1964 As armas da política e a ilusão armada | Page 265

era pouco. Em termos nacionais, nada que alterasse a hegemonia do CC prestista. Em dezembro de 1967, em clandestinidade máxima, realizou-se o VI Congresso, em São Paulo, reafirmando a linha do V Congresso. Em sua Resolução Política, ressalta que o golpe “deu início a um novo processo político no país”, modificando “profundamente a forma estatal de poder, com danos incontáveis para os interesses da maioria do povo e do conjunto da nação”. Assenta a tática a ser seguida, ressaltando que a tarefa mais premente era a luta contra a ditadura nacional-militar, derrotá-la, conquistar as franquias democráticas. É imprescindível a construção de uma frente única de todos aqueles que lutam pela democracia no país. Os comunistas propõem a luta pela anistia política, liberdades de associação e de expressão, eleições diretas em todos os níveis, a convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte. Poderiam ter os adeptos da luta armada se apoderado do partido inteiro no VI Congresso? Os delegados de São Paulo, todos favoráveis à luta armada – Cícero Vianna, Câmara Ferreira, Rolando Fratti, Marighella, Nestor Veras, João Adolfo Castro Costa Pinto – não receberam as senhas para o congresso. Como também foram excluídos previamente Mário Alves, Jover Telles, Apolônio de Carvalho, Jacob Gorender e Miguel Batista dos Santos. Criou-se uma dúvida eterna: quem era a maioria? Foi Giocondo Dias quem soldou a porta do Cavalo de Troia dos rebeldes.24 O cálculo oficial da direção do PCB depois do congresso: 24 “Procedeu-se ainda durante a Conferência de Campinas a eleição para o Comitê Estadual. Os escolhidos: Marighella (reeleito), Joaquim Câmara Ferreira, Rolando Frati e Costa Pinto. Designaram-se também os delegados ao Congresso Nacional: Marighella, Costa Pinto, Cícero Viana, Rolando Frati, Lyndolfo Silva, Argonauta Pacheco e Silva, Joaquim Câmara Ferreira, Nestor Veras e Oswaldo Lourenço. Quando chegou a data do Congresso, a direção nacional do PCB não informou o local de sua realização, impedindo que os delegados oposicionistas de São Paulo se encontrassem com os delegados de outros estados e pudessem influenciá-los. Àquela altura, porém, para o grupo oposicionista, então chamado de Ala Marighella, o fato já não importava mais. O racha com o Partido, na prática, já se dera. Três meses antes, Marighella embarcara para Havana, onde participaria, em julho, de uma reunião da Organização Latino Americana de Solidariedade (Olas). Antes de partir, deixara montada a primeira turma de militantes designada para treinar técnicas de guerrilha também em Cuba e Derrota anunciada: Luta armada e o PCB (1967-1973) 263