1964 As armas da política e a ilusão armada | Page 260

antes da abertura oficial da Olas, em junho de 1967. Corroboraria a vitória no VI Congresso do PCB em setembro, detalharia a Frente Ampla e o papel dos comunistas nela, que intimidante, rugia sobre o pescoço dos militares: eleições gerais, constituinte, a volta dos civis ao poder, anistia ampla, geral e irrestrita para todos os punidos, um governo nacionalista e sem alinhamento automático. O que bloquearia isso? A ingerência cubana (de novo) dentro do Brasil, com um projeto violento, absolveria a permanência dos militares no poder e justificaria o endurecimento definitivo da ditadura nacional-militar. O que sobreviria em 1968 e 1969, agudamente. Através da embaixada da URSS em Brasília, Prestes enviara uma carta pessoal ao secretário-geral do PCUS, Leonid Breznhev, antecipando essa discussão, esperançoso de que os soviéticos desmontassem a cavalgada dos cubanos em terras brasileiras. Na primeira reunião de trabalho com Mikhail Fedorovich Kudachkin (1923-2010), chefe da Seção Latino-Americana do Departamento de Relações Internacionais do Comitê Central do PCUS, e Dimitri Yakov, analista da seção Brasil, Prestes sentiria que Moscou não o colocava mais como interlocutor ou figura proeminente no Brasil ou nas Américas. O 1964, para os soviéticos, fora um retrocesso, com reflexos universais. Com o Brasil anti-imperialista, a região resistiria ao imperialismo norte-americano. Não se envolveriam em mais um litígio novamente, não repetiriam o fiasco de 1964. Ele que digladiasse com Havana, lançasse mão do seu prestígio e armas, quaisquer das que dispusesse. Prestes trituraria especialmente Carlos Marighella e Mário Alves, logo após seu retorno ao Brasil. Operação de degola, que seria efetuada por pessoas de sua inteira confiança: Giocondo Dias, Severino Teodoro Mello (dois partícipes de 1935) e Salomão Malina. A agência de notícias France Press, em 8 de julho de 1967, noticiava que Marighella fora expulso do PCB por indisciplina. Tanto este, como os dirigentes cubanos, ficaram aturdidos, pois perdiam o chão, quadros tarimbados e o engajamento dos comunistas brasileiros na revolução latino-americana. O baiano garantira que traria o PCB inteiro para a ação armada. Montou-se uma operação de contrain258 1964 – As armas da política e a ilusão armada