1964 As armas da política e a ilusão armada | Page 23

Marighela, Joaquim Câmara Ferreira, Mário Alves, Jacob Gorender e Apolônio de Carvalho, viam essa estratégia partidária como uma capitulação e romperam com o partido. Partindo da dissidência pecebista na antiga Guanabara, vieram os grandes alavancadores do processo de radicalização que ocorreu nos setores da esquerda. Claro que antes já tinha a AP, a Ação Popular, que foi o grande instrumento de crescimento do PCdoB, que era um partido pequeno e com essa dissidência de católicos assumidos como marxistas-leninistas, cresceu e também se radicalizou no seu processo. O PCB criticava a luta armada, pois, em 1935, pegara em armas, também equivocadamente. E dessa vez seria mais equivocada ainda. Era uma aventura, uma loucura, um grave equívoco. Por isso, a maioria apoiou a direção, a sua política de frente democrática, a estratégia de acumulação de forças e a luta de massas, política essa que criou, sem dúvida alguma, as bases para as grandes manifestações oposicionistas de 1968, tendo na Marcha dos Cem Mil, no Rio de Janeiro, sua maior expressão Fomos o único partido da América Latina, junto com o chileno, que não foi para o encontro da Organização Latino-Americana de Solidariedade (Olas), em Cuba, cujo objetivo maior era seduzir e conquistar lideranças de esquerda e seus partidos para se prepararem para a revolução armada em seus países. Parte da juventude brasileira aderiu progressivamente às concepções militaristas, à via da luta armada e às organizações clandestinas de esquerda que passaram a adotar as teses foquistas. Quando há uma revolução vitoriosa, se tende a imaginar que a forma, o método e o processo de luta dela podem se expandir e conduzir ao seu êxito em outros lugares. O sonho de Che Guevara e de outros líderes revolucionários cubanos era recriar 1, 2, 3 Vietnãs no mundo, sobretudo na América Latina. Lamentavelmente, Che morreu na Bolívia imaginando que podia reeditar o que ocorrera em Cuba. Grave equívoco, pois revolução não se copia. A defesa intransigente da democracia 21