1964 As armas da política e a ilusão armada | Page 21

figuras que iriam marcar a vida nacional e a política do estado, como Marcos Freire, Fernando Lyra, Jarbas Vasconcelos, e companheiros do PCB, principalmente da juventude universitária. Logo em seguida, estivemos presentes no caldeirão tenso e rico do chamado movimento de 68, quando os jovens levaram para as ruas o seu espírito libertário e transformador. No interior das esquerdas, o debate acerca dos caminhos da revolução se acentuava: o Partidão não abandonou a sua linha, e surgiram no cenário vários grupos da esquerda armada, entre eles a Aliança Nacional Libertadora (de Carlos Marighela), Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (de Mário Alves e Jacob Gorender) e o Movimento Revolucionário-8 de Outubro (com a chamada Dissidência da Guanabara). O PCdoB, cisão do PCB, já se preparava para a Guerrilha do Araguaia. Permitam-me um destaque. Com escasso registro e pouco estudado, considero o Encontro Nacional do MDB, realizado nas dependências da Assembleia Legislativa pernambucana, em maio de 1971, e do qual fui delegado, um marco na luta contra o regime militar e um referencial para a resistência democrática. Nesse histórico evento, apesar da reação de algumas das principais lideranças nacionais do MDB, foi lançada a Carta do Recife, documento corajoso e que contribuiu para que, nós comunistas e os democratas-liberais emedebistas, sustentássemos uma forte luta interna – que se deu após a fragorosa derrota eleitoral do ano anterior – contra a tendência de alguns setores mais à esquerda que pregavam a autodissolução do partido. A superação dessa tendência se deu rapidamente e, a partir de 1974, esse documento passou a ser agenda de intensos debates e já provocando uma inflexão da pauta política oposicionista, que veio, indubitavelmente, a conformar um novo MDB. Na Carta do Recife, foram definidas duas bandeiras fundamentais: a defesa da Constituinte e da Anistia. Ressalte-se que essa proposta foi a mais criticada por certas lideranças e setores oposicionistas, que alegavam tratar-se de influência de militantes do PCB nas fileiras do MDB. De fato, no seu clandestino VI Congresso (em A defesa intransigente da democracia 19