1964 As armas da política e a ilusão armada | Page 19

reformista e democrática, pelo levante militar puro e simples, em Natal, Recife e Rio de Janeiro. Foi uma resposta golpista de esquerda ao golpismo das elites e dos setores conservadores, já então encastelados no Estado Novo, de Vargas. As consequências são conhecidas. Essas velhas tendências golpistas estavam presentes às vésperas do Golpe de 1964. A radicalização política do Grupo dos 11, de Brizola; a reforma agrária “na lei ou na marra” das Ligas Camponesas, de Francisco Julião; e o movimento dos sargentos e marinheiros coincidiam com o recrudescimento da Guerra Fria, em que Estados Unidos e União Soviética se digladiavam pelo mundo afora, e na America Latina a revolução cubana era analisada e vista emocionalmente indo do amor ao ódio. Foi nesse ambiente que, dentro e fora do governo Jango, discutiam-se as reformas de base. Uma parte da direção do partido, liderada por Prestes, acreditava na possibilidade de sustentação política e militar dessas reformas, mesmo que os reformistas fossem minoria no Congresso. Falava-se até em “golpe preventivo