1964 As armas da política e a ilusão armada | Page 165

campanha das Diretas-Já, em 1983-84. A vitória posterior da oposição no Colégio Eleitoral traduziu-se como chancela formal para a conquista de um governo de transição, em 1985, e anunciava um andamento do processo em sentido positivo. Como se comprovou em seguida, esse governo de transição seria fundamental para a conquista da democracia e a conclusão institucional da transição com a elaboração e promulgação da Constituição de 1988, considerada a mais democrática da história política brasileira. Entretanto, a divisão que se estabeleceu entre as forças oposicionistas no andamento e especialmente na conclusão do processo de transição acabou por ter um efeito negativo fazendo com que as tarefas mais amplas e profundas da transição ficassem à deriva e se estabelecesse um cenário de mal-estar e uma sensação de inconclusividade. Como afirmou Luiz Werneck Vianna (1989), a partir da divisão das forças da oposição, a transição passou a ser um processo conduzido pelos fatos e desprovido da ação intencional do ator. Neste cenário, depois dos anos 1990, governo após governo mantiveram a democracia brasileira em estado larvar, em busca de uma melhor oxigenação: eles empreenderam ajustes de caráter econômico e/ou social, sem serem capazes de se estabelecer, no Estado e na sociedade civil, os elementos essenciais de uma hegemonia civil que se orientasse no sentido daquela ruptura democrática que antes mencionamos. No Chile, por sua vez, a estratégia e todas as tentativas de derrubada da ditadura, por via armada, fracassaram. As ações armadas, inclusive contra o próprio Pinochet, e as rebeliões popul &W2