1964 As armas da política e a ilusão armada | Page 146
1964: GOLPE OU REVOLUÇÃO?
Ivan Alves Filho1
G
olpe de Estado ou revolução? Ainda hoje a natureza da
intervenção político-militar de 1º de abril de 1964 desnorteia os observadores da cena brasileira, profundamente
divididos em suas opiniões e reflexões sobre esse acontecimento
histórico. Não há nada de mais nisso: afinal, a subjetividade é
parte integrante da busca do conhecimento, a verdade resultando
da interação entre o homem e o objeto de seu estudo. Além do
que, apenas cinco décadas nos separam hoje daquele episódio, o
que acarreta, forçosamente, ideologização do debate, os diferentes
posicionamentos se conflitando por vezes de forma apaixonada.
Esquematicamente, poderíamos considerar que os partidários do regime de 1964 tendem a conceituá-lo como uma verdadeira revolução (o que, aliás, demonstra o prestígio deste termo na
conturbada década de 60 na América Latina). Os seus adversários,
de outra parte, utilizam-se da categoria de Golpe de Estado para
tentar compreender o caráter daquele movimento.
Extrapola a esse texto, naturalmente, apurar com que setor
está de fato a razão. Contudo, diríamos que revolução implica alteração do modo de produção e distribuição de riquezas no interior
de uma sociedade.
Uma mudança radical nas estruturas sociais. E o caso clássico
da Revolução Francesa de 1789, que materializa a passagem do
modo de produção feudal para o modo de produção capitalista,
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Historiador, autor de quase uma dezena de livros, dentre os quais se destaca Memorial dos Palmares. Brasília: Fundação Astrojildo Pereira (3ª edição), 2012.
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