1964 As armas da política e a ilusão armada | Page 137

elaboração, a partir de 1952, já o PCB começou a reformular seu projeto político para a nação, a partir de 1958, com a Declaração de Março, após uma ampla discussão interna havida, tendo como pano de fundo as denúncias do culto à personalidade e demais acontecimentos resultantes do 20° Congresso do Partido Comunista da União Soviética. O projeto dos militares que formulou os meios para a construção do Poder Nacional Permanente, mesmo sem mencionar, a rigor visava concluir tarefas da revolução burguesa, erguendo um Estado forte, uma grande potência, capaz de tornar o Brasil ator influente no cenário mundial, alinhado com as potências capitalistas na Guerra Fria, liderada pelos Estados Unidos, em oposição ao campo socialista, liderado pela União Soviética. Para os teóricos da ESG, o Brasil precisava se preparar para combater o “perigo vermelho” que já estava implantado na América Latina, a partir da vitória da revolução cubana. Para alcançar os seus objetivos estratégicos, o Brasil precisava passar por reformas que contribuíssem para acelerar a acumulação de capital e alcançar taxas de crescimento bastante elevadas, buscando tirar o país do atraso em que se encontrava. Era fundamental erguer um parque industrial de grande porte, capaz de produzir bens de capital, armamentos pesados, inclusive um arsenal atômico. Já o projeto do PCB, esboçado na Declaração de Março de 1958 e concluído no 5° Congresso, realizado em 1960, partia claramente da necessidade de completar as tarefas da revolução burguesa, promovendo reformas estruturais que estimulassem o desenvolvimento capitalista, mas com forte intervenção e presença do Estado nos ramos estratégico e financeiro, visando construir as bases econômicas para a transição do Brasil para uma sociedade socialista. Não por meio de uma revolução armada, como antes pregava, mas uma revolução pela via pacífica. Daí a importância que o PCB dava à inclusão de parte do seu projeto ao programa das reformas de base encampado pelas forças progressistas e pelo governo de João Goulart, que resultaria em um processo estatizante dos principais ramos da economia. Para atingir esses objetiO golpe de abril e o 15 de novembro 135