1964 As armas da política e a ilusão armada | Page 133
e sua esposa, Maria Tereza, e o líder dos portuários, Osvaldo
Pacheco, presidente do Comando Geral dos Trabalhadores (CGT).
O comício transmitido ao vivo pela televisão e com muita
gente presente foi um sucesso (era uma sexta-feira, 13), provocou
um clima de incontida euforia no campo das forças democráticas e
nacionalistas. Mas, atiçou ainda mais o ânimo da oposição golpista,
que jogou todo seu poder de mobilização para a Marcha da Família,
marcada para o dia 19 de março, em São Paulo, uma quinta-feira, no
final da tarde. Foi uma manifestação impressionante, com a presença
maciça de pessoas da classe média. Era o apoio popular claro que
faltava para a aceleração dos preparativos golpistas.
Para o sucesso da marcha, concorreram não só o aspecto
religioso apresentado como desagravo à fala do presidente Jango,
mas também o temor de proprietários a partir dos decretos dos
alugueis e da Supra, tecla na qual a “oposição golpista” batia,
dizendo que não havia mais segurança da propriedade particular e
que “era o comunismo que estava se impondo no Brasil”. Os acontecimentos se precipitaram a partir desses eventos de março e a
inquietação nos quartéis aumentou. Nos últimos dias do mês, tivemos o motim dos marinheiros que fizeram uma assembleia no
Sindicato dos Metalúrgicos do Rio de Janeiro, e lá ficaram acampados até que as reivindicações pleiteadas fossem atendidas,
incluindo a demissão do ministro da Marinha e a nomeação de um
almirante por eles indicado.
Se tudo isso não bastasse, o Clube dos Sargentos, no Rio de
Janeiro, marcou um encontro para apoiar as reformas, com a
presença do presidente da República, que fez inflamado discurso,
interpretado palas altas patentes das forças armadas como incentivo à quebra da disciplina militar e do respeito à hierarquia. Mal
terminou o ato, na noite do dia 30 de março, horas depois, na
madrugada do dia 31, uma terça-feira, o general Olímpio Mourão
Filho colocou a unidade do Exército sob seu comando, sediada em
Minas Gerais, para marchar rumo ao Rio de Janeiro, com a missão
de derrubar o presidente João Goulart.
O golpe de abril e o 15 de novembro
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