100 anos da Revolução Russa PD_ESPECIAL | Page 86

5 – As instituições e as células partidárias devem ser priva- das da autoridade estatal e os membros dos partidos de todos os privilégios materiais. 6 – O aparelho burocrático deve ser simplificado pela extensão do governo autônomo local. 7 – Uma política de entendimento deve ser perseguida em rela- ção às nacionalidades que, por qualquer motivo, foram separadas da Rússia, a fim de pôr um fim rápido à guerra civil e restaurar a unidade do Estado com base na autodeterminação nacional. Os distritos cossacos – Don, Kuban, Tersa, Os Urais, Astrakhan, Orenburg etc. – devem ter a maior autonomia possível e não deve haver interferência em seus assuntos internos ou sistema de posse da terra. A Sibéria deveria ter autonomia regional e a inde- pendência da Finlândia e da Polônia deveriam ser reconhecidas. Comitê Central do Partido Operário Social Democrata Russo, 12 de julho de 1919 3 Os bolcheviques argumentavam que foram forçados à estati- zação pela necessidade de defender a revolução durante a guerra civil. Mas, posteriormente, Nikolai Bukharin admitiu que havia uma ânsia para pôr fim à propriedade privada, uma ideia fixa dos maximalistas, não só bolcheviques, como também anarquistas, que, de início, apoiaram a revolução. Houve um evidente exagero: mais de 2/3 dos empreendimentos industriais estatizados possuíam menos de 15 operários. 4 Numa economia predominan- temente agrária, a questão camponesa precisava ser urgente- mente resolvida: as requisições forçadas causaram revoltas no campo; a falta de abastecimento das cidades levou a greves de operários, base social dos bolcheviques. Porém, foi a Revolta de Kronstadt, em 1921, de marinheiros no Báltico, até então um dos fortes sustentáculos militares da revolução, que obrigou Lenin a abandonar o “comunismo de guerra” e a adotar a Nova Política Econômica (NEP). ASCHER, Abraham. The Mensheviks in the Russian Revolution. Thames & Hudson, London, 1976, p. 111-117. Citado em: https://spiritofcontradiction.eu/bron- terre/2012/08/11/what-is-to-be -done-the-menshivik-programme-july-1919. 4 HEGEDÜS, András. “A construção do socialismo na Rússia, o papel dos sindi- catos, a questão camponesa, a Nova Política Econômica”. In: História do Mar- xismo. Rio de Janeiro; São Paulo: Paz e Terra, 1986. v. VII. 3 84 Júlio Martins