zação dos meios de produção e circulação, planejamento ultra-
centralizado da economia, industrialização extensiva, coletiviza-
ção da agricultura, abolição da economia de mercado, métodos de
gestão burocráticos e coercitivos; 2. estatização dos sovietes,
sindicatos, imprensa e outros órgãos; 3. inexistência de normas
democráticas – extintos quaisquer resquícios de liberdade e direi-
tos civis e políticos mínimos, as facções e as dissensões foram
criminalizadas com o banimento (gulags) ou mesmo eliminação
física e o Estado-partido chegou, em alguns momentos, a ganhar
caráter terrorista; 4. os problemas das nacionalidades, étnicos e
religiosos tratados com a coerção, anexações, remoções e russifi-
cação; 5. o marxismo-leninismo tornado ideologia ou doutrina
oficial, como um sistema de dogmas que tudo explicava e justifi-
cava; 6. conformação de extratos sociais ou estamentos privile-
giados, os novos donos do poder: dirigentes partidários (apparat-
chiks), alta burocracia estatal (nomenklatura), oficialidade militar
e outros, que totalizavam mais de um milhão de cargos.
Desde o primeiro momento, houve a tentativa de universalizar
o modelo bolchevique de socialismo. Em 1919, foi criada a III Inter-
nacional Comunista – IC para impulsionar o processo revolucioná-
rio na Europa (em especial na Alemanha). O insucesso desse
intento levou a IC a investir em sua eclosão nos países coloniais ou
dependentes (Ásia, América Latina e África), com caráter anti-im-
perialista e de libertação nacional. Esse modelo teve seu momento
áureo no pós-guerra, com sua expansão no leste europeu e no
oriente. “A URSS emergiu da guerra como grande potência de natu-
reza dual – Estado entre estados e centro do socialismo mundial.
O movimento comunista alcançou o ápice de sua expansão por
meio da resistência antifascista na Europa e da luta anti-imperia-
lista na Ásia (...); era uma superpotência militar, ainda que de cali-
bre inferior ao dos Estados Unidos. Em torno dela girava um
sistema de Estados satélites, reproduzindo o modelo soviético.
Continuado na Europa, o comunismo estava no poder na China e
mostrava uma face muito aguerrida na Coreia e no Vietnã. Moscou
dirigia um polo do poder mundial dominante no espaço euroasiá-
tico e no Extremo Oriente”. (Pons, 2014, p. 29 e 381).
Entretanto, já nesse período começou a dar sinais de exaustão
pelo acúmulo de problemas e de contradições irresolvidas.
O Movimento Comunista Internacional que substituiu a IC (extinta
em 1943), já nas décadas de 1950/60, estava fraturado pelas
dissidências da Iugoslávia, China e outros regimes e partidos
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José Antonio Segatto