100 anos da Revolução Russa PD_ESPECIAL | Seite 61
a tecnologia espacial e ser incapaz de fabricar um sapato ou uma
calça de qualidade.
Há uma explicação lógica: para fazer frente à corrida nuclear
e espacial, que ao final perdeu para os EUA – a URSS teve de
deslocar volumosos recursos de outras áreas. A consequência
disso foi a escassez de produtos de primeira necessidade.
Para a população dos países que experimentaram o “socia-
lismo real”, o comunismo está indissoluvelmente associado à
fome, ao terror, à falta de liberdade, ao Muro de Berlim, às KGB e
Stassi, às ditaduras de Stalin, Honecker e Ceaucesco.
Na sua fase terminal, já não se discutia mais na URSS se sua
história tinha sido um desastre; os debates eram sobre as razões
dos desastres. E responsabilizava-se Lenin por ter dado o tom do
poder soviético com o Terror Vermelho e os primeiros campos de
concentração.
O melhor balanço dos 74 anos da experiência socialista sovié-
tica veio em forma de ironia em uma faixa de uma das manifesta-
ções multitudinárias de Moscou: “Proletários de todo mundo,
perdoem-nos!”. Para quem viveu sob o tacão da tirania do partido
único não há como oferecer a outra face e perdoar.
E para a história não há como não ser implacável em seu
julgamento sobre os cem anos da Revolução Russa.
Proletários de todo o mundo, perdoem-nos!
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