100 anos da Revolução Russa PD_ESPECIAL | Page 51

Um alemão respondeu que o dogmatismo da esquerda era a face inversa do fascismo no poder, que o avanço da politização faria superar, por dentro, esse autoritarismo, mas que as esquer- das não tinham maior importância, não seria por elas que passa- ria a decisão da história. A globalização enfraqueceria as burgue- sias nacionais. Os trabalhadores teriam pouco respaldo na burguesia nacional, para criarem juntos um mercado interno forte e melhor distribuição de renda. Nesse momento, o professor Ziembinski não se conteve e irrom- peu a dizer: – Só com aumento de liberdade se vai conseguir maior atenção para os problemas ecológicos. Os problemas coletivos não podem ser deixados somente na mão dos políticos, precisam ser debatidos em público, com posições contraditórias, para se encontrar o bem comum. A burguesia latino-americana está tão imbricada com o capital internacional que já foi superada a antiga tese de que teriam interesses antagônicos. O capital internacional tem tecnologia mais avançada, pode aceitar formas mais distributivas de produção e transpor para países em desenvolvimento mais cuidados com o meio ambiente. A população nem está exigindo isso. As empresas estão preocupadas com a maximização do lucro e não são instituições de caridade; elas manipulam dados sobre investimentos, negócios e lucros, mas não vejo uma consciência mais avançada brotar por si em uma população mantida na ignorância pelas oligarquias locais. Não espero que questões de poluição, de lixo biodegradável, de produtos tóxicos sejam capazes de provocar no povo uma reação que imponha mudanças imediatas. Há medo de perder empregos. Não se espere da imprensa ou da escola melhor solução: jornalistas e professores não decidem sobre o que o povo vai ver e ouvir. O dr. Altenberg, da Escola Superior de Economia, de Berlim, interveio: – Os países industrializados estão ficando cada vez mais ricos e os pobres proporcionalmente mais pobres, ainda que melhorem. Esta bomba vai estourar, um dia. Com mais força, se não houver mais a alternativa socialista. A década de 1980 tem sido marcada pela estagnação e regressão econômica na América Latina. O encerramento dos governos militares traz insegurança para o capital transnacional, só que a garantia que eles davam era peri- gosa. Introduziram o capitalismo no campo. Ditaduras são insegu- ras. Se a burguesia nacional brasileira tivesse sido revolucionária, poderia ter distribuído melhor a renda. A industrialização maior foi Utopia e realidade no socialismo de Estado 49