stalinistas, é uma renúncia ao programa comunista. Parece-
me que você exclui a possibilidade de uma política do Partido
Comunista russo que não equivalha à restauração do capita-
lismo. Isto equivaleria a dar uma justificativa a Stálin ou a
sustentar a política inadmissível de "demitir-se do poder".
É necessário, ao contrário, dizer que uma política correta e
classista na Rússia teria sido possível sem a série de graves
erros de política internacional cometidos por toda a "velha
guarda leninista" junta. (grifo meu).
Como se vê, havia um claro debate sobre a natureza da Revo-
lução e que ela, segundo os fundamentos, estava se esgotando e
caminhando para um desvio.
Aqui podemos chamar à baila a parte final de Guerra e Paz, de
Tolstoi, na qual ele afirma que quando os fatos históricos degrin-
golam, por vicio de origem, fica difícil voltar atrás e Adam Schaff,
um marxista polonês, aduz a esta constatação que Stalin repre-
senta o aspecto trágico da Revolução Russa. A sua decisão de não
continuar era difícil, em função do que já ocorrera, inclusive
mobilizando partidos comunistas em muitos lugares.
Contudo, não foi só Stalin que se iludiu com a URSS, que
sucumbiu ao chauvinismo (patrocinado por Stalin); não foi ele que
não ouviu os conselhos de Trotsky sobre o problema dos sindica-
tos, que estavam sendo transformados em “correias de transmis-
são do partido”, mas Lenin. Deutscher cita, no mesmo livro, que
quando Trotsky o alertou para este último problema, Lenin, opor-
tunísticamente, e revelando não atribuir a isto importância, instou
Trotsky a ocupar-se desta questão, num movimento típico de jogar
“a batata quente” para quem a esquentou. Mas a identificação
entre Partido e Estado foi sim obra de Stalin, que, com o cargo de
secretário-geral, dominou todas as esferas do poder. Ainda assim
só o fez por causa dos erros dos bolcheviques e de Lenin.
Numa perspectiva anacrônica moderna, que deve ser feita, e
após tantas transições, tanto do lado da esquerda, países comu-
nistas, quanto da direita, países de ditadura militar (América
Latina, Grécia), o melhor a fazer era exatamente “demitir-se do
poder”, fazer uma transição.
Os camponeses, em maioria, vendo o enfraquecimento do
partido bolchevique, começaram a atacá-lo, numa atitude que
justificou os posteriores excessos de Stalin.
Revolução Russa: a distopia
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