27 de março de 1922, em Niterói. Participaram desse evento nove
delegados nacionais, representando 73 membros de diversos
agrupamentos comunistas existentes nas cidades do Rio de
Janeiro, Niterói, São Paulo, Recife, Cruzeiro (MG) e Porto Alegre,
a saber: Abílio de Nequete (barbeiro), Astrojildo Pereira (jorna-
lista), Cristiano Cordeiro (professor), Hermógenes da Silva (eletri-
cista), João da Costa Pimenta (gráfico), Joaquim Barbosa (alfaiate),
José Elias da Silva (sapateiro e operário da construção civil), Luís
Peres (vassoureiro) e Manuel Cendón (alfaiate). Sete deles eram
egressos das fileiras anarco-sindicalistas. Os únicos, com origens
socialistas, eram os estrangeiros Manuel Cendón, espanhol, e
Abílio de Nequete, libanês. O Congresso foi convocado para que
houvesse tempo hábil para enviar uma delegação a Moscou, para
o IV Congresso da IC, a se realizar em novembro de 1922.
O grande motor deste projeto era Astrojildo Pereira. Intelec-
tual autodidata era homem de letras, com vasta leitura de obras
nacionais e universais, conhecia obras de Marx e Engels. Dife-
rentemente de outros intelectuais anarquistas, teve facilidade de
migrar para as ideias marxistas. Ainda em 1915, organizou, no
Brasil, um movimento pela paz mundial, contra a I Guerra
Mundial. Mas o secretário-geral eleito no I Congresso foi Abílio
de Nequete. Astrojildo foi eleito no I Congresso, membro da
Comissão Executiva Central (CEC), Secretário de Imprensa e
Secretário Internacional do PCB. Mas esse partido teve várias
crises de ordem tática, durante a primeira década de sua exis-
tência. A primeira delas, em 1923. O próprio secretário-geral
não concordava com as 21 condições impostas para admitir um
partido na IC. Ademais, esta organização desconfiava de um
partido com tamanha hegemonia anarquista. Antonio Bernardo
Canellas, um gráfico, foi indicado para a Comissão Executiva
Central (CEC) do PCB e delegado ao IV Congresso da IC. Anar-
quista libertário e místico, não era um estudioso, mas um
ativista voluntarioso. Antes de chegar a Moscou, teve contato
com anarquistas na França. O IV Congresso da IC se concen-
trou, prioritariamente, no debate de problemas existentes no
PCF, tais como a grande influência da maçonaria, entre outros.
Canellas teve um comportamento inadequado no IV Congresso:
defendeu a maçonaria, inadmissível para os bolcheviques e
mentiu ao informar que o PCB tinha chegado a 500 militantes,
quando na verdade, eram 123. Elaborou um relatório confuso,
pouco objetivo, criticando os dirigentes da IC. Solicitado a refor-
mulá-lo, recusou-se a fazê-lo. (CARONE, 1981).
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Dina Lida Kinoshita