Cisão do movimento socialista internacional e criação da
Internacional Comunista
Por sua vez, do outro lado do mundo, os bolcheviques tomam
o poder no mesmo ano de 1917, na Rússia, após uma longa jornada
de lutas, que se inicia ainda antes da frustrada Revolução de
1905. (GROL, 1976).
Durante a I Guerra Mundial, o movimento socialista interna-
cional sofreu um duro embate. Embora a II Internacional (1889-
1914), núcleo principal de reunião dos partidos marxistas do
mundo, especialmente da Europa, tradicionalmente defendesse a
paz mundial contra as guerras entre os países capitalistas, vários
parlamentares de sua principal corrente, a socialdemocracia,
aprovaram os créditos dos governos de seus países para financiar
a participação no conflito. Dois dos principais expoentes socialis-
tas radicais que já tinham expressado posições mais consequen-
tes pela manutenção da paz, durante a guerra, se desfiliaram da
II Internacional: o russo Vladimir Ilich Lenin, fundador da
corrente bolchevique do Partido Operário Social Democrata da
Rússia (1903), e a polonesa, militante do Partido Socialista Alemão
(SPD), Rosa Luxemburg, fundadora da Liga Espartaquista (1915).
Em outubro de 1917, pelo calendário juliano, ou novembro,
pelo gregoriano, Lenin liderou uma revolução que derrubou o
governo provisório de Kerenski, sucessor do czarismo russo (este
abolido em fevereiro) e pôde, assim, aplicar na prática sua política
socialista radical, chamada de “comunista”, uma ruptura completa
com a velha socialdemocracia da II Internacional, a qual julgava
“oportunista” e “reformista”. Em decorrência dessa ruptura, e a
necessidade de consolidar a Revolução Russa, era preciso criar
uma nova organização mundial que agregasse todos os outros
movimentos comunistas ou de sovietes, também protagonistas de
revoluções em curso na convulsionada Europa do pós-guerra.
Assim, por iniciativa bolchevique, foi fundada, em 1919, a III
Internacional, ou Internacional Comunista, ou ainda Comintern,
para sustentar a nova onda revolucionária e opor-se fortemente
ao reformismo e ao colonialismo.
Mas a vaga soviética na Europa não vingou do jeito que os
comunistas planejavam (PONS, 2014), e o movimento precisou
cerrar ainda mais suas fileiras para que os insucessos e a repres-
são institucional não o desagregassem, de vez. Todas as insur-
reições foram sufocadas e os russos ficaram isolados, especial-
mente após a queda da efêmera República Soviética Húngara, de
Relações entre o PCB e a Internacional Comunista (IC)
19