100 anos da Revolução Russa PD_ESPECIAL | Page 20

dade brasileira, desde a segunda metade do século 19, o movi- mento anarquista se espraiou pelo país, publicando jornais (SODRÉ, 1966), e organizando sindicatos e centros operários, com o que adquiriu grande expressão. Em 1906, foi organizado um grande Congresso, que deu origem à Confederação Operária Brasi- leira (COB), em 1908. No entanto, não havia nenhuma preocupa- ção em organizar um partido devido a princípios ideológicos. Com a eclosão da I Guerra Mundial (1914-1918), o Brasil teve sua primeira industrialização de “substituição de importações”, uma vez que os tradicionais fornecedores europeus não tinham mais como suprir os produtos necessários ao consumo brasileiro. Isto acarretou um expressivo crescimento numérico da classe operária e as ideias anarquistas tinham uma grande penetra- ção, apesar da repressão ferrenha do poder estabelecido. Entre- tanto, “os anarquistas continuavam rejeitando a luta política do proletariado, dirigindo-a para o plano eminentemente econô- mico” (Bandeira, 1967). Este ciclo de movimento operário e sindical teve seu auge em 1917, quando os anarquistas estavam na linha de frente do proletariado, num contexto em que a I Guerra Mundial agravou as condições de vida das massas brasi- leiras. “Os gêneros alimentícios sumiram do mercado. Os aluguéis atingiram níveis proibitivos. Fecharam-se as pequenas operações de crédito. Os agiotas pululavam nas portas das fábri- cas e nas repartições públicas. Os industriais agravavam ainda mais as condições d e trabalho do proletariado. Os comerciantes estocavam mercadorias aguardando melhores preços ou condi- ções de aumentá-las” (Bandeira, 1967). Tudo isto gerava uma enorme revolta e a eclosão de movimentos grevistas em todos os Estados importantes do país. Apesar do denodo e heroísmo dos anarquistas, estes não possuíam suficiente organização e todo o movimento entrou em colapso. No entanto, é preciso notar que práticas anarquistas são ressuscitadas pelo PT e entidades sociais vinculadas a este partido. Como exemplos pode-se citar a luta sindical, meramente por melhorias salariais, sem se dar conta das mudanças acarre- tadas pela globalização e pela Revolução Técnico Científica, além de ser contrário a mudanças de uma legislação trabalhista copiada da Carta del Lavoro do fascismo italiano ou das escolas do Movimento dos Sem Terra (MST), que se parecem com as “colmeias” (La Ruche) dos anarquistas franceses do passado. 18 Dina Lida Kinoshita